Fazer uma obra, uma limpeza e não sabe onde descartar os restos tem sido um dos grandes problemas de muitas pessoas. E para evitar que estes degetos sejam descartados em terrenos baldios ou até mesmo em lugares inapropriados a empresa Progemix Resilix, que fica na Avenida Cônsul Assaf Trad 2541, trabalha com reciclagem de papelão, alumínio, pneus e madeira, além da fabricação de pré-moldados com restos de alvenaria, cobrando R$ 30 por caçamba deixada no local.

“Quem sujou tem de limpar, em resumo esta é regra”, afirma Anagildes Caetano de Oliveira, o sócio de uma das empresas licenciadas para receber os resíduos em Campo Grande.

Embora o trabalho da Resilix seja mais barato, ainda conforme o representante dos caçambeiros, há restrições para fazer o descarte no local.

O engenheiro Anagildes afirma. “O resíduo não pode estar contaminado com nada orgânico. Alguns móveis velhos a gente até consegue fazer o processamento da madeira, mas tem gente que aluga a caçamba e descarta bicicleta, lixo doméstico, até animais mortos”.

Acompanhe a entrevista:

A Crítica: Quem é e o que faz a PROGEMIX-RESILIX?

Progemix: Somos uma empresa constituída com o objetivo de dar destinação sustentável e ecologicamente correta a todos os resíduos que são descartados e que necessitam de atenção especial. Tais resíduos, como resíduos de construção e demolição, resíduos de mineração, carvão mineral, sílicas na mineração de ouro, etc.

Nosso trabalho consiste em processar esses resíduos, dando-lhes uma destinação economicamente correta. Com resíduos já citados é possível fazer praticamente todos os pré-moldados necessários na construção civil, como blocos, telhas, pisos diversos, tubos de esgoto e drenagem, pave, pisos táteis, etc.

A Crítica: Aqui em Campo Grande o que vocês reciclam atualmente?

Progemix: Reciclamos todos os resíduos da construção civil, além de papeis, plásticos, latas, pneus, ferro, poda de árvores e restos de madeiras em geral.

A Crítica: Qual o envolvimento do município neste processo?

Progemix: De acordo com o CONAMA 307 e Plano Nacional dos Resíduos Sólidos, o município é o responsável pela gestão do programa e bem como os volumes até 1,00 m³, estes deverão ser depositados nos ECO-PONTOS. Volumes acima de 1,00 m³ são de responsabilidade dos geradores. Estes devem fazer a triagem na origem e mandar para as recicladoras, ou pagar por este trabalho. Em Campo Grande, já existe uma lei que regulamenta este programa, só falta botar em prática. Estamos com esperança que o novo Prefeito vá dar uma atenção para este caso, aliás já está dando.

A Crítica: As empresas tem que fazer algum procedimento antes do descarte ou vocês fazem todo o processo ?

Progemix: As empresas construtoras deverão triar estes materiais na própria obra e enviá-los às recicladoras. Nós recebemos estes materiais e estamos investindo em novos equipamentos e maquinários. Teremos condições de produzir um volume significativo de material que poderão ser aproveitado inclusive pelo poder público. Na nossa empresa de construção civil, já utilizamos esses materiais há mais de 10 anos.

A Crítica: Qual a tecnologia vocês utilizam?

Progemix: Temos uma tecnologia inovadora e inédita no mundo, o que fazemos em Campo Grande, posso afirmar com convicção , “não existe no mundo”.

Nossa tecnologia está patenteada no Brasil, EUA e em outros países na América do Sul. Já fomos contemplados em 2.000, com o prêmio FINEP, com o projeto “Verde Vida”, na categoria Produto. Em 2.000 e 2.002, prêmio CNI com o projeto “Cerâmica Sem Queima”.

A Crítica: Quais as dificuldades enfrentadas pela empresa?

Progemix: As dificuldades são justamente a falta da gestão do município e a consciência dos geradores. Até então não tínhamos condições de expandir . Parece ironia, mas não tínhamos matéria prima, o que recebíamos era material muito contaminado. A lei diz que podemos receber material com até 10% de contaminação. O que recebíamos era com 90% de contaminação “Não Podemos Virar em Lixão”.

A Crítica Vocês têm condições e autorização para fornecer certificação às empresas?

Progemix: Claro, no momento que temos licença ambiental e a tecnologia para processar estes resíduos estamos plenamente habilitados para isso. Já fornecemos vários certificados , como por exemplo SHOPPING BOSQUE DOS IPÊS, LEROY MERLIN e outros.

A Crítica: Não seria difícil para as construtoras separar estes materiais nos canteiros?

Progemix: De forma nenhuma, basta fazer uma gestão e treinamento dos operários. Elas terão que trabalhar com mais de uma caçamba e os pequenos volumes acondicionados em sacos plásticos, “bag’s”, etc.

A Crítica: Como é a qualidade destes produtos obtidos com a reciclagem?

Progemix: Muito bons. Nosso trabalho sempre foi acompanhado por Universidades e Institutos Tecnológicos renomados. Como já afirmei, nossa empresa de construção vem utilizando-os há mais de 10 anos. Os produtos poderão ser utilizados tanto na construção civil – blocos, telhas e outros pré-moldados, bem como, em pavimentação – reforço de sub-leito, sub-base e até na base, esta utilização está normatizada.

A Crítica: Estes produtos são mais baratos do que os convencionais?

Progemix: De 20 a 30% mais barato, sem contar com outros ganhos( ecológico, social, saúde, etc.)

Link na Integra: http://www.acritica.net/editorias/geral/sobras-da-construcao-civil-podem-ser-recicladas-e-usadas-para-producao/183654/